Acho que a cidade de São Paulo dispensa apresentações quando o assunto é violência e sujeira, que estão não só nas ruas, mas também incutidas na cultura, pensamento e atitude das pessoas que moram ali. Alguns se perdem em meio ao caos da grande metrópole enquanto outros, como é o caso dos Human Trash utilizam essa “escola do lixo” para transformar demência e crueza em algo que ultrapasse a mediocridade e verve tão características da cidade.
É fato que a musica rock atual em grande parte anda meio mal das pernas, me lembro de um tempo onde a palavra rock causava medo aos pais e espanto nos amigos, mas isso foi muito antes da banalização do termo. A tal revolução não virá na forma de milhões de adolescentes tomando as ruas num brado selvagem de fúria, mas na atitude de uns poucos que, como os Human Trash ainda são munidos de ALMA, palavra esta que passou a ser quase uma arma a serviço do combate contra toda a pasteurização e total falta de veracidade nas artes.
Nascidos em meio a toda essa loucura urbana e expostos desde muito cedo às várias ramificações da musica, Mayra, Mari e Luis parecem ter entendido o recado da CIDADE e, muito bem entendido por sinal, misturando basicamente o melhor da musica de forma simples e direta! O trio poderia ser descrito como um soco na cara não fosse minha vontade de dissecá-lo um pouco mais numa tentativa de explicar como isso chega aos seus ouvidos, meu caro. Imagine um Dragster a 200 por hora, agora ponha nisso duas guitarras imundas em FUZZ com os riffs mais ardentes que sua pobre cabeça (rocker?) poderia pensar, junte a isso um kit de bateria construído a partir de peças encontradas na rua o que inclui, é claro, uma gigantesca lata de lixo que faz o papel do bumbo, com os vocais divididos entre os três num mix de coisas mais sexies como o melhor de Hollis Queens ou simplesmente estourando os pulmões de forma primitiva e descontrolada no melhor estilo Julia Kafritz num dia bom! Trash music com influencias que vão desde a obscura no wave de Nova York ao melhor do blues e das garage bands dos anos 50 e 60.
Ficou ao meu cargo colocar todos estes ingredientes dentro do liquidificador e fechar a tampa, o que me pareceu missão nada impossível inclusive por ter atuado como produtor em outros projetos dos integrantes do trio, tais como Pullovers, Back Seat Drivers, Fabulous Go Go Boy From Alabama e The Dealers. Durante o mês de agosto o estúdio Caffeine recebe o trio para a primeira sessão do álbum de estréia da banda.
No mais é aguardar o lançamento deste primeiro álbum que deve contar com a parceria da Mamma Vendetta Produções e ColdRice Records.
Os Human Trash tem também nos planos um split single como os fellas Solid Soul Disciples e que sairá no formato vinil ainda este ano e uma tour que o levará até Montevideo no Uruguai no mês de outubro.
Rock ON Kids!
Marco Butcher
Ai vai o video de Say My Name gravado no Estudio Caffeine em maio de 2009.