Ai vai a entrevista que Marco Butcher fez com a banda:
MB - Me parece que desde que você começou a tocar em bandas você tem se mantido bem ocupado com a musica, como e quando isso começa na sua vida?
JS - Talvez por volta dos 17 ou 18 anos? Eu estava bem envolvido na cena do rock’n roll noise que rolava nos meus tempos de faculdade. Então eu senti que deveria pular fora e começar o Pussy Galore.
MB – Fale um pouco de como viver na cidade de Nova York afeta sua dieta musical.
JS - Eu me mudei para Nova York porque na época eu estava apaixonado pelas grandes bandas de lá como Velvet Underground, the Ramones, Suicide, the New York Dolls, etc e também, é claro, a cena “no wave” que estava começando (Teenage Jesus, Mars, James Chance, etc) assim como outras coisas que vieram a partir disso Swans, Sonic Youth e outros. A musica estava por todo lado, mas não só os sons musicais, a cidade de Nova York é grande e também um lugar muito barulhento, eu buscava uma relação com esse lado mais feio e moderno da cidade industrial.
MB – Olhando bem de perto sua carreira musical pode-se dizer que você navega do hardcore, punk, musica eletrônica passando pelo hip hop, trash blues e rock’n roll. Mesmo sendo tão elástico ou “eclético” ainda encontramos pessoas com nomes para categorizar isso como você se sente a respeito disso? Você pensa sobre isso?
JS - Eu me sinto bem! É musica, algo que está vivo. Nada estático como uma peça de museu.
MB – Quando ouvi o Heavy Trash pela primeira vez minha impressão foi a de que você conseguiu chegar num lugar ainda mais primitivo com sua musica, de “murder ballads” ao rock’n roll no melhor estilo anos 50, como você acha que isso aconteceu?
JS - É isso que eu amo a respeito da musica. O rockabilly é de certa maneira o formato mais inocente do rock’n roll, o ponto alto da fantasia.
MB- Você poderia apresentar Matt Verta Ray para o publico brasileiro e descrever como vocês chegaram ao Heavy Trash?
Matt Verta Ray responde: Eu e o Jon somos amigos vindos da cena musical de Nova York, acabamos nos encontrando por termos interesses muito parecidos em vários tipos de musica, livros de ocultismo e coisas assim... Nova York pode ser uma cidade muito pequena de varias maneiras e existe apenas algumas pessoas que acabam por dividir os mesmos interesses com você, o que cria uma espécie de circulo gravitacional que mantém essas pessoas próximas. Existe um código secreto que define esse tipo de pessoas para as outras. Alguns anos depois de termos nos conhecido, minha antiga banda (Speedball Baby) estava em turnê com os Blues Explosion e nós dois tivemos a oportunidade de fazer uma jam bem tímida no camarim tocando alguns clássicos do rockabilly. Depois disso tiramos um tempo para tocar no meu estúdio experimentando alguns tipos de sons diferentes, bebendo e nos divertindo, esse material acabou indo para as fitas de rolo e bingo! Estava pronto o primeiro álbum do Heavy Trash. Em principio era para ser um projeto de estúdio, mas nós marcamos uma pequena tour e foi tão divertido que continuamos nesse ritmo sem olhar para trás. O nome da banda vem de uma piada que meu pai costumava contar nos anos 70, era mais ou menos sobre o dia da “limpeza pesada” quando você resolve jogar fora aquele sofá velho, geladeira, cama... após 25 anos. O nome está aí, Heavy Trash.
MB - A química entre vocês parece levar a banda a algum lugar entre Marte e Memphis, mixando ficção com as raízes da musica Americana. Poderíamos dizer que livros e quadrinhos fazem parte de sua dieta para fazer musica?
JS - Definitivamente sim! E por favor, adicione filmes a esta lista de ingredientes.
MB - Que tipo de musica faz o toca discos e Jon Spencer feliz nos dias de hoje?
JS - Vince Taylor!
MB - O Mercado musical mudou consideravelmente nos últimos anos tornando uma missão quase impossível fazer e vender discos. Que tipo de postura e política tem o Heavy Trash no que diz respeito a lidar com MP3, downloads e essa coisa da era digital e de que maneira você acha que isso afeta a cena independente?
JS - A indústria musical vem se beneficiando às custas dos músicos há muito tempo. Talvez a internet tenha ajudado as pessoas a conhecer e descobrir artistas que não teriam como mostrar sua arte de outra forma.
MB - Você assina a produção de uma lista de discos bem legais, trabalhando com outras bandas como produtor e às vezes como musico convidado. Como esse lado produtor funciona para você? É algo que acontece por acidente ou algo que você realmente precisa estar fazendo, como um terceiro braço na musica?
JS - Eu realmente gosto de estar no estúdio gravando e produzindo coisas. Se a banda for legal e a musica for algo que me motiva isso cria em mim a vontade de ser um produtor.
MB - Que tipo de resposta vocês tiveram com o lançamento do Segundo álbum Going Way out?
JS - As pessoas parecem estar gostando.
MB - Você poderia nos falar sobre os planos do Heavy Trash para 2009?
JS - Terminar o nosso terceiro álbum, fazer uma turnê pela America do Sul e possivelmente ter o novo álbum pronto até o outono.
MB - Que tipo de informação você tem sobre a cena musical Sul americana?
JS - Não muita. Espero aprender mais.
MB - Ouvi dizer vocês estarão fazendo uma turnê pela America do Sul agora em abril. Que tipo de expectativas você tem sobre tocar aqui com o Heavy Trash pela primeira vez?
JS - As melhores possíveis! Espero conhecer o Zé do Caixão.
MB - A última vez que vi o Heavy Trash tocando vocês estavam usando a banda Powersolo como banda de apoio. Essa é a formação que nós podemos esperar para os shows na América do Sul? Como vocês conheceram o Powersolo?
JS - A formação para a turnê sul americana terá o Powersolo e também outra banda da Dinamarca chamada Tremolo Beer Gut. Não tenho muita certeza de como entramos em contato com esses dinamarqueses malucos, mas com certeza eles sabem como tocar rock’n roll.
MB - Que tipo de show o público brasileiro vai encontrar numa festa dos Heavy Trash?
JS - Incrível, excitante, espiritual e orgástico.
Em novembro
Há 3 semanas
e a festa segunda?
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